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domingo, 14 de março de 2010

Violência, até quando ?

Violência, até quando ?


A cidade encontra-se enlutada pelo brutal e inaceitável assassinato da jovem empresária Marcela Montenegro que, de tão banal e absurdo entristeceu a todos, até mesmo aqueles que não a conheciam. O sentimento de revolta e luto tomou conta de todos; de chofre, percebemos que o crime poderia ter sido contra qualquer um de nós. O caso dela não é isolado e já faz parte da rotina de Fortaleza, onde a violência encontra-se pulverizada, ocorrendo em todos os bairros. Os assaltos nas cercanias da av. Santos Dumont, à altura da Cidade 2000, por exemplo, são diários, sempre à mão armada e através de quadrilhas. É notório, mas ninguém faz nada…

O cidadão de bem, de seu turno, vende a casa e vai morar em apartamento ou condomínio de casas e a classe média já possui um novo sonho: o carro blindado…Os valores estão invertidos ! Não devemo-nos trancar, mas sim, devemos trancar os marginais que diuturnamente geram pânico em nossa cidade !

A violência, embora faça parte de qualquer sociedade, pode ser reduzida a patamares de aceitabilidade social ! O caminho é longo mas o início depende principalmente do engajamento da sociedade pela causa. Sim, deve-se ir às ruas, protestar e cobrar dos três poderes do Estado as providências necessárias para a busca da paz social. O direito à paz, inclusive, é direito fundamental de quinta geração, conforme opinião do jurista Paulo Bonavides.

A sociedade deve parar de fingir que tais crimes são normais, pois, do contrário, estaremos reconhecendo para nós mesmos que todos os dias, ao sair de casa, fazemos parte de um verdadeiro jogo de roleta-russa de marginais. Não devemos ter medo deles e sim eles de nós ! A discussão é complexa, mas a ação é urgente! E a ação se dá com demonstração de força protagonizada pelos mais diversos setores sociais. É a demonstração de que não perdemos a capacidade de indignação e que devemos resistir e não aceitar os crimes como algo normal. A indignação deve ser canalizada em iniciativas de cobranças frente ao poder público e pelo engajamento em causas sociais, visando prevenir ou evitar o encrudescimento da marginalidade.

Em resumo, para os marginais tolerância zero, mas zero mesmo, com leis severas, punição exemplar e atuação policial intensiva e com condições (o policial também tem família!). Doutro viés, para a população em geral, investimento maciço em educação, em qualificação. No futuro, daqui a vinte ou trinta anos, os resultados de uma política de tolerância zero para a marginalidade e de uma população qualificada, com estudo e politizada, decerto, farão de nossas cidades um lugar melhor de se viver. Muitos não verão as mudanças, mas nada melhor do que pensar em nossos filhos e vaticinar um mundo mais promissor para as gerações vindouras.

Julio Bezerra Leite é advogado e Professor da FGV (julio@leiteararipe.adv.br)

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